Enquanto a Lei Maria da penha aniversaria, muitos homens comemoram na pancada

EDITORIAL

Itapema/SC: Em se tratando de violência contra a mulher, os machões de plantão estão dizendo um sonoro “to nem aí” para a Lei Maria da Penha que, ao que tudo indica, só ficou a Penha, porque a Maria já está de olho roxo. Pelo menos é o que dá a entender o grande (e sempre crescente) número de ocorrências noticiadas diariamente pela imprensa. Parece que a punição com cadeia, o popular “xilindró”, não está intimidando os “machões de plantão” que, salvo raras exceções, só são machões quando se trata de agredir mulheres indefesas. Nessas horas, tem “macho” pra tudo: O macho-vagalume, que só bate na mulher à luz-de-velas; o macho-carijó, que bate na mulher cantando mais alto que galo-de-briga; o macho-garnizé, que bate na mulher cantando mais baixo e fino para não chamar a atenção; o macho-mor, que bate na mulher porque acha que está acima de tudo e de todos; o macho-menos, que bate na mulher e já pede arrego pra não ir em “cana”; o macho-dotô, que tem escolaridade, diploma, é esclarecido e mesmo assim quer “arrebentar a mulher no pau”, jogar na parede e chamar de lagartixa, e fala que vai “triturar e liquidificar” a mulher por conta de seus “arregos” na sociedade, etc. Enfim, tem “macho” para todo o tipo de situação que envolve agressão ou mesmo ameaças contra a mulher. Em Itapema, o caso mais recente e que chamou a atenção, foi do médico da Prefeitura de Itapema, Dr. Maico Matos Menegola, que atuaria no CERES - Centro de Referência Especializada, e estaria em estágio probatório, ou seja, teria sido chamado após concurso público e estaria no período de dois anos de avaliação antes da efetivação. Chama a atenção não por se tratar de funcionário público ou de ser médico, pois a violência contra a mulher (seja física ou psicológica) não escolhe classe social e nem grau de escolaridade. Chama a atenção pura e simplesmente por ser a vítima quem é: Dra. Rafaela, ex-funcionária pública que atendia a todos com muita atenção e profissionalismo e muito querida na comunidade, principalmente no bairro Várzea em Itapema, onde atendia a população que, com sua saída, chegou a ensaiar um abaixo-assinado para que ela voltasse, imaginando que ela havia sido removida. As mães do bairro que procuravam atendimento após sua saída perguntavam o que aconteceu, e ouviam que ela teria indo embora de Itapema por ter “medo do ex-marido”, que a estaria ameaçando. Mas pouca gente sabia quem era o tal “ex-marido ameaçador”. Mas, recentemente, as informações fervilhavam dando conta que tinha “médico preso em Itapema”. Ao checar as informações, chegou-se ao nome do Dr. Maico e, a informação dos motivos levaram à Lei Maria da Penha. Como dizem que o dito cidadão também faria parte da maçonaria, caso seja verdadeira a informação, cabe perguntar se esta sociedade tem posicionamento definido sobre a atuação de seus membros na sociedade, ou se os “irmãos” fazem vistas grossas aos atos que possam eventualmente envolver seus membros “em conflito com a lei”. Afinal de contas, se ele fosse evangélico, certamente a notícia seria: “Médico evangélico preso por ameaçar a ex-mulher”. De qualquer forma a ONG Olho Vivo, devido a gravidade das ameaças, já entrou no caso e fará uma manifestação ao Secretário de Estado da Segurança Pública, Sr. César Augusto Grubba, para que o estado garanta a integridade física da Dra. Rafaela, para que ela não seja incluída em estatísticas futuras de omissão do estado diante dos vários indícios já existentes que poderão levar a uma ação impensada por parte do autor dos fatos. 

O Editor